Raiva?
Sentou-se à mesa e serviu a sopa.
Estava quente e cheirava mal. Colocou dois pratos à mesa e sentou-se de frente
para a cadeira vazia. O quarto escuro de madeira no meio da floresta vinha
sendo o seu lar há pelo menos seis meses, e ali ela planejara por este período
o que faria com o Sorridente.
Sim, ela tinha um plano. Um plano
muito bem articulado durante todo o tempo que passara surtando no meio daquele
lugar gélido, daquela floresta seca, alimentando-se de restos de animais. Mas
hoje, a ceia era um pouco mais apetitosa.
A vingança. Ah, sim a doce
vingança que enche a boca de saliva só de pensar em como havia sido. Ela foi a
vítima durante muito tempo, caiu no velho truque da amizade. Mas aprendeu muito
bem que não se deve confiar numa pessoa boazinha. Sim, ele era mau. Na verdade,
ele era um lobo na pele de um cordeiro. Não podia levar o título de homem, pois
tudo que ele era, ou pensava ser (pois se enganava dentro de sua doença psiquiátrica
não assumida), era uma mentira. Gostava de acreditar que era o melhor, mas não
passava de um bosta. E sim, tinha a cara de pau de se fazer de santo, mas no
final apunhalava a todos. Difícil era definir e avaliar uma personalidade como
a do Sorridente. Ela acreditava que
Filho da Puta seria a melhor opção para alguém tão sujo, nojento, feio, falso. E
ele merecera o que ela fez.
A sopa estava quase fria quando
ela deu a última colherada. O prato à sua frente era em homenagem ao espírito
que tanto a perseguira e a atormentara em vida.
Não foi fácil cozinhar aquela
sopa para o jantar. Fazer o Sorridente beber a droga não foi difícil, mas
carregá-lo sozinha até o carro deu trabalho. Depois que chegou à cabana na
floresta, realizou-se cortando o pescoço daquele homem seboso. Colocou a cabeça
dele encima da mesa para que ficasse olhando em seus olhos cheios de sangue,
enquanto esquartejava o corpo nojento. Aquela carne suja daria um jantar e
tanto, e comendo todos os pedaços daquela sopa deliciosa, olhando nos olhos
esbugalhados da cabeça que colocara em cima da mesa, finalmente sentia-se
saciada.
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