Tortura
O ácido corroía a face do homem e
a pele esticava como queijo derretido. Os gritos de dor faziam com que ela
sentisse um imenso prazer. Trancara-o em seu apartamento, atraindo-o até lá com
uma proposta de sexo selvagem. Quão tolo ele seria se não aceitasse. Um homem
feio, de meia idade, seboso e sem atrativos não deveria transar a séculos. Ele estava nu, amarrado na cama, e o ácido já
tinha corroído seu corpo, suas partes íntimas, e agora corroía o rosto.
Ah, o rosto do cinismo! Como era
delicioso para ela acabar de vez com a farsa que era aquele homem. Ninguém mais
vai precisar ouvir tantas reclamações, tanta falsidade, tanta mentira! Ele
estava acabado, arruinado e sentindo dor, como ela queria desde o início.
O fato de fazê-lo sofrer já a
fazia feliz de uma maneira bem bizarra. Ele aflito, gritando em desespero,
tentando se soltar do arame farpado como qual fora amarrado à cama. Seria um
jantar e tanto se a pele não fosse tão nojenta.
Os músculos da perna podiam ser
vistos e ela se lembrou das grandes peças de carne penduradas no açougue. Então
esboçou um doce sorriso.
O sabor da vingança tem um gosto
para cada um. Para alguns é doce, para os gulosos pode ter o gostinho de um
chocolate. Mas naquela noite para ela, a vingança teria cheiro e gosto de carne
queimada.
Pegou o isqueiro. Ascendeu a
chama e começou a passar o fogo pelos dedos dos pés dele. Como era bom
queimá-lo. O homem respirava ofegante, o ódio que ela sentia por ele se
transformava em prazer ao vê-lo sofrer. Ascendeu uma vela. Os olhos dele estavam muito arregalados, a
expressão do homem lembrava a face do diabo. Começou a pingar cera de vela nos
olhos dele.
Com o rosto deformado, o corpo
corroído pelo ácido e os olhos quase cegos, ele foi dando seus últimos
suspiros, enquanto ela o assistia agonizar sentada à janela, saboreando uma
maçã vermelha como aquele sangue que escorria.
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