sexta-feira, dezembro 14, 2012

The Dope Show


Tortura

O ácido corroía a face do homem e a pele esticava como queijo derretido. Os gritos de dor faziam com que ela sentisse um imenso prazer. Trancara-o em seu apartamento, atraindo-o até lá com uma proposta de sexo selvagem. Quão tolo ele seria se não aceitasse. Um homem feio, de meia idade, seboso e sem atrativos não deveria transar a séculos.  Ele estava nu, amarrado na cama, e o ácido já tinha corroído seu corpo, suas partes íntimas, e agora corroía o rosto.
Ah, o rosto do cinismo! Como era delicioso para ela acabar de vez com a farsa que era aquele homem. Ninguém mais vai precisar ouvir tantas reclamações, tanta falsidade, tanta mentira! Ele estava acabado, arruinado e sentindo dor, como ela queria desde o início.
O fato de fazê-lo sofrer já a fazia feliz de uma maneira bem bizarra. Ele aflito, gritando em desespero, tentando se soltar do arame farpado como qual fora amarrado à cama. Seria um jantar e tanto se a pele não fosse tão nojenta.
Os músculos da perna podiam ser vistos e ela se lembrou das grandes peças de carne penduradas no açougue. Então esboçou um doce sorriso.
O sabor da vingança tem um gosto para cada um. Para alguns é doce, para os gulosos pode ter o gostinho de um chocolate. Mas naquela noite para ela, a vingança teria cheiro e gosto de carne queimada.
Pegou o isqueiro. Ascendeu a chama e começou a passar o fogo pelos dedos dos pés dele. Como era bom queimá-lo. O homem respirava ofegante, o ódio que ela sentia por ele se transformava em prazer ao vê-lo sofrer. Ascendeu uma vela.  Os olhos dele estavam muito arregalados, a expressão do homem lembrava a face do diabo. Começou a pingar cera de vela nos olhos dele.
Com o rosto deformado, o corpo corroído pelo ácido e os olhos quase cegos, ele foi dando seus últimos suspiros, enquanto ela o assistia agonizar sentada à janela, saboreando uma maçã vermelha como aquele sangue que escorria.





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