sábado, abril 14, 2012

Helena

A Última Viagem

O último trem estava aparentemente vazio, quando o estuprador jovem e bonito entrou. Vestia jeans rasgados e uma jaqueta de couro surrada. Sentou-se no primeiro banco que viu e tirou um lenço do bolso traseiro para limpar o suor do rosto ensebado. Podia ser um fora da lei, mas tinha seu charme. Secou a testa e antes que colocasse aquele pé calçando um tênis que um dia fora branco em cima do banco, a mulher no outro vagão chamou sua atenção. Se não tivesse tão cansado de arrastar o corpo frio de sua última vítima (minutos atrás) para o meio do matagal, até investiria naquela bela mulher no trem. Mas por hora estava tranquilo. Pegou o mp3 no bolso e inseriu os fones no ouvidos. Um punk rock combinaria com aquele momento, ele pensava. Levantou os olhos e de repente ela estava no mesmo vagão que ele, no banco do lado oposto. Fixou os olhos no decote que ela usava. Trazia uma pasta consigo, e vestia uma roupa social. O que uma mulher aparentemente de negócios faria sozinha no último trem? Ele tentava manter a concentração na música que estava tocando, mas era difícil com aquela mulher olhando de relance para ele de vez em quando. Resolveu fechar os olhos e aproveitar o som do rock and roll. Pensava na garota que acabara de estuprar. Filha única, jovem, bonita. Uma daquelas que cuspia na sua cara na época do ginásio. Vadia. Teve o fim que merecia. Pensava no prazer que acabara de obter com ela, e em como aquele belo rosto ficou roxo, depois de tantos socos e pontapés. Isso o relaxava. Abriu os olhos e se assustou. Ela estava sentada do seu lado! Ele achou que seria tolice não tocá-la. Não era sempre que uma mulher tão maravilhosa se oferecia gratuitamente. Mais do que imediatamente ele levou a mão ao rosto dela, que num gesto rápido segurou o braço dele. Ela pega a mão dele lentamente e segurando-a, o faz passear pelo seu generoso decote. Ele pensava estar sonhando. Quando em algum momento na vida isso aconteceria? Ela Se senta no colo do estuprador, de frente para ele, e tira a blusa. Ele tem a visão privilegiada do decote dela, desta vez sem blusa. Ele jamais pensou que sentiria isso, mas quis beijá-la. Eram lábios vermelhos e carnudos, e ele só conseguia pensar em beijá-los. Mas ela se antecipou. Levantou-se, se ajoelhou e desabotoou as calças dele, descendo-as até o joelho. Beijou-lhe as coxas e subiu diretamente para a barriga, deixando-o louco de desejo. Beijou-lhe o peito e enfim chegou ao pescoço. Mas aquela mulher não chegava a sua boca. Ele agarrou os cabelos pretos com luzes dela, e a conduziu a sua boca. Os lábios dela tocaram os deles, e enquanto se beijavam enlouquecidamente, ele sentia seu corpo ficar gelado, como se todas as suas forças estivesses sendo sugadas. Tentava afastar a mulher, mas ela parecia estar presa a ele pela língua. Ele sentiu vontade de vomitar quando sentiu aquela língua chegando à sua garganta, descendo para seu estômago e enlaçando seu fígado. Ela se afastou dele, e no momento em que tirou a língua da boca dele, o estuprador vomitou litros de sangue e tripas quentes. Enrolado à enorme e verde língua dela,  estava o fígado dele. Ela mordeu um pedaço, saboreou, à medida que seus olhos iam ficando vermelhos, e depois pegou as sobras e enfiou novamente na boca dele, empurrando garganta adentro, fazendo-o engolir novamente. O estuprador ficou agonizando no chão do trem, enquanto aquela mulher (?) saía e o deixava seguir viagem.



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